segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Dos contrários...


Qual seria o meu "contrário"?
O contrário de bom - ruim, de belo - feio, de claro - escuro, de verdade - mentira, de tristeza - alegria… Será mesmo? Entre o bom e o ruim, existe que distância? Entre o belo e o feio, quem define absolutamente o que é o que? Qual a verdade? A minha, a sua ou o fato? O que é alegre pra mim, é igual para você? Quem é quem pra atirar a primeira pedra, ou definir verdades absolutas, estabelecer julgamentos, quem dá esse poder a quem?
Pensar em "contrário" me faz pensar inevitavelmente em relatividade. E em conveniências. E em circunstâncias. Somos nossas circunstâncias, e dentro delas agimos. Fico matutando algo que estivesse acima dessa relatividade existencial. Circunstancial.
Nada me ocorre. Quer dizer, algo me ocorre. Faz tempo que não penso nessa palavra, não a ouço também, nem sei se ela ainda existe.
A palavra? Compreensão. Que estranha, não? Não parece absolutamente fora de moda? Para falar sobre o que é contrário a que, a ponte poderia ser essa coisinha boba, a capacidade de compreender o que se passa de forma maior. Compreender que tudo é uma coisa só, que hoje o que julgamos, amanhã pode ser o que nos julga. Compreensão. Solidariedade. Amizade. Gentileza. Sutileza. Delicadeza. Suavidade. Generosidade. Doçura. Leveza. Compreender o outro dessa forma, gentil, sutil, delicada, suave, doce, leve. Isso é tão contrário ao que se vê.. já não se vê…
Tanto devaneio na verdade, é uma tentativa de enxergar qual seria o "meu" contrário, uma forma de tentar escapar de meu próprio crivo, e me abandono. Tento, mas só encontro o vazio… silêncio… pois o meu contrário deve ser o "grito", a "guerra, a "luta"…  E decido que não vou me virar do avesso… não sou o meu contrário.  Querem.. mas não... não...
Construo um silêncio onde me prendo. Prefiro ser céu, estrela e nos dias tristes, cinzas, me esconder nas nuvens, que passam… tudo sempre passa. 
Olhando a beleza de uma ação, da natureza, da emoção, do sentimento… real, bela, belo… também não encontro o contrário, não encontro…. 
A vida é vivida a partir de parâmetros. Configuramos e reconfiguramos valores e conceitos ao sabor das linhas desenhadas no caderno de nossa existência. A cristalina certeza de ontem é hoje a opaca dúvida que nos atormenta.  Ou talvez não. 
Quero continuar assim… ser a emoção, ser o sentido, a solidariedade… Não definir o contrário. Jamais ser o contrário. Quero ser fiel a mim... 

Relativo… totalmente…
Piano Sonata No. 14 in C-sharp minor, Op. 27 No. 2 "Moonlight Sonata": I. Adagio sostenuto by Ludwig van Beethoven on Grooveshark

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