quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Não atingem mais...


Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo...(Nemo Nox)

E existiram várias, ainda existem… algumas pedras pequenas outras tão grandes que eu até julguei não poder movê-las… Mas tive força, venci o peso, venci as dores que me causaram… e as fui deixando em um canto… não podia simplesmente jogá-las em algum lugar, não.. faziam parte da minha história.. e assim, ali ficaram… acumulando…  amontoando… 
E, então, num amanhecer qualquer de um dia nublado, vi Martinho, meu falante esquilo, olhando para todo aquele aglomerado… e mudo… ineditamente mudo… Cheguei mais perto… evitava olhar tudo aquilo… mas fui chegando mais perto…  E ele ficou olhando-me de frente, me encarando, de um jeito único, que nunca fez.  Depois de um tempo que não sei se levou horas, minutos ou segundos… ele falou: 
- Lindo o que você construiu…
- Não construí nada, Martinho - olhei para aquele monte de pedras - veja.. não existe nada..
- Você não está conseguindo enxergar… daqui, de onde estamos, você não vê… Suba.. 
- Subir? Onde Martinho?
- Vá.. voce entendeu… escale a sua montanha… 
E me olhou daquele jeito que só ele sabe fazer, como querendo dizer algo, do tipo "Vá sem temor, deixa de ser boba, você entendeu", porque ele é assim, adora dar palpites e ordens…
E lá fui eu… sem nem pensar o porquê… sem nada enxergar, pois a bruma entrava pelos olhos e cegava a alma…. obedecendo cegamente… subi… subi…
Cheguei ao topo… limpo, claro, cristalino… o céu azul… a névoa ficou para trás…
Do cume, uma visão maravilhosa… enxerguei o mundo… a vida.
Abri os braços.
Livre… eu… parecia voar…
Escutei Martinho, ao meu lado, dizendo:
- Veja, não tenha mais medo, essas pedras não conseguem mais te atingir…  Você não fez um castelo e sei que não o queria fazer, pois castelos você teve… e muitos.. 
Não, você não iria construir mais uma prisão, você construiu sua liberdade.  Essas pedras são "o seu passado", olhe-as quando tiver dúvidas ou para se recordar de como foi difícil chegar aqui em cima… mas continue sempre subindo… subindo… Você está acima delas, lembre-se sempre disso… e viva a liberdade que você tanto sonhou e construiu.  E agora, prometa-me uma coisa…
- Diga, Martinho, o que é? 
- Quando você estiver triste, suba a sua montanha, veja a vida… o mundo… veja o que você ergueu, edificou… Prometa-me que seus olhos vão ter este azul- céu - limpido-tranparente que você conquistou.. Promete para mim que vai ser feliz? E saiba, que sempre, sempre, estarei ao seu lado, mesmo quando você não estiver sentindo.  
- Prometo… sim, Martinho, eu prometo.  
Como um delicado beijo, uma brisa passou pelos meus olhos, boca, acariciou meus cabelos e uma enorme paz transpassou-me, deixando um suave perfume de tulipas… tulipas amarelas. 
E assim me deixei ficar ao seu lado… enquanto meu coração dizia baixinho: 

- Obrigada… Obrigada, meu Martinho.

Voyage Voyage by Gregorian on Grooveshark

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

E não é?


- Pra onde a senhora deseja ir afinal?
- Apenas siga em frente por gentileza.
- Mas senhora, já se fazem três horas que estamos indo sem nenhum destino.
- Como assim sem nenhum destino?
- Você me disse apenas pra seguir em frente.
- Esse me parece um belo destino.

Sean Wilhelm

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Dos contrários...


Qual seria o meu "contrário"?
O contrário de bom - ruim, de belo - feio, de claro - escuro, de verdade - mentira, de tristeza - alegria… Será mesmo? Entre o bom e o ruim, existe que distância? Entre o belo e o feio, quem define absolutamente o que é o que? Qual a verdade? A minha, a sua ou o fato? O que é alegre pra mim, é igual para você? Quem é quem pra atirar a primeira pedra, ou definir verdades absolutas, estabelecer julgamentos, quem dá esse poder a quem?
Pensar em "contrário" me faz pensar inevitavelmente em relatividade. E em conveniências. E em circunstâncias. Somos nossas circunstâncias, e dentro delas agimos. Fico matutando algo que estivesse acima dessa relatividade existencial. Circunstancial.
Nada me ocorre. Quer dizer, algo me ocorre. Faz tempo que não penso nessa palavra, não a ouço também, nem sei se ela ainda existe.
A palavra? Compreensão. Que estranha, não? Não parece absolutamente fora de moda? Para falar sobre o que é contrário a que, a ponte poderia ser essa coisinha boba, a capacidade de compreender o que se passa de forma maior. Compreender que tudo é uma coisa só, que hoje o que julgamos, amanhã pode ser o que nos julga. Compreensão. Solidariedade. Amizade. Gentileza. Sutileza. Delicadeza. Suavidade. Generosidade. Doçura. Leveza. Compreender o outro dessa forma, gentil, sutil, delicada, suave, doce, leve. Isso é tão contrário ao que se vê.. já não se vê…
Tanto devaneio na verdade, é uma tentativa de enxergar qual seria o "meu" contrário, uma forma de tentar escapar de meu próprio crivo, e me abandono. Tento, mas só encontro o vazio… silêncio… pois o meu contrário deve ser o "grito", a "guerra, a "luta"…  E decido que não vou me virar do avesso… não sou o meu contrário.  Querem.. mas não... não...
Construo um silêncio onde me prendo. Prefiro ser céu, estrela e nos dias tristes, cinzas, me esconder nas nuvens, que passam… tudo sempre passa. 
Olhando a beleza de uma ação, da natureza, da emoção, do sentimento… real, bela, belo… também não encontro o contrário, não encontro…. 
A vida é vivida a partir de parâmetros. Configuramos e reconfiguramos valores e conceitos ao sabor das linhas desenhadas no caderno de nossa existência. A cristalina certeza de ontem é hoje a opaca dúvida que nos atormenta.  Ou talvez não. 
Quero continuar assim… ser a emoção, ser o sentido, a solidariedade… Não definir o contrário. Jamais ser o contrário. Quero ser fiel a mim... 

Relativo… totalmente…
Piano Sonata No. 14 in C-sharp minor, Op. 27 No. 2 "Moonlight Sonata": I. Adagio sostenuto by Ludwig van Beethoven on Grooveshark

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Tramas...


Com a paciência de um pescador
Vou tecendo a rede
Desembaraçando os nós
Descobrindo fio por fio
O emaranhado de intrigas.

sábado, 10 de agosto de 2013

Inesperado...


Existem momentos na vida que, tudo, por todos os lados é magicamente novo, no entanto, algo surge dentro da gente, como se fosse uma antiga história a sulcar e nos faz encontrar em almas, perto e longe, desconhecida tão conhecida... Uma imaginação, um sentimento insano que te põe um sorriso e coloca os pensamentos desordenados. É a revolução interna acontecendo para mais uma vez nascer e renascer. Um tempo de escolhas, de abnegação... de transformações. Da surpresa, do inesperado. Da magia.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Mais um dia...


O dia amanhece
recebo o calor do sol
que aquece o meu corpo
como a caneca que esquenta minha mão
Um raio de luz atravessa a rua
sem de desviar, sem me espiar
mas atingi minha alma
Essa paz profunda me eleva
Respiro profundamente
Estou pronta, forte, firme, segura
para mais um dia.....
(de desilusão)