quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Diamante bruto

José Ferraz de Almeida Junior - Brasil 1893 - Pinacoteca de São Paulo.



- Encaixou? Era esta a peça?

- Sim, perfeito, doutorinha… Encaixou que nem “dedo no nariz”…

É… Ele é assim… Resposta para tudo… do seu jeito… e, também e principalmente, o silêncio no momento exato. Tem aquele sorriso generoso de quem acha a vida simples e bonita. Senta na soleira da porta e come, com gosto, o feijão com arroz polvilhado de “fubá torrado” feito no dia, mas já frio. Come e oferece, enquanto se diverte contando seus “causos”. Ele conta as histórias da vida, também da minha vida, conhece todos por nome, idade e biografia. Percebe as alegrias e tristezas dos bichos. Diz que “do boi se aproveita até o berro”. Canta, conta e encanta... Conversa com as plantas e os animais. Prenuncia se vai fazer sol ou chuva, apenas olhando para o céu e dificilmente erra. Diz que “estamos nessa vida só para buscar uma “muda” de roupa”, com a seriedade de uma revelação. Mal sabe ele como me ensinou tantas coisas bonitas nos dias que estive ao seu lado. Acha que sei mais da vida por ser “doutorinha”... Se ele soubesse o quanto é doutorado e mestrado na vida... Um filósofo por pura e inocente natureza. Um diamante bruto, um touro que não pisa em uma flor, mas mata por sua consciência e convicção. Um sábio.. um mestre. A quem eu tiro o chapéu.

Já sinto saudades, meu grande Guru. Volto quando souber a resposta, que vi em seus olhos, da pergunta que ainda não descobri. E… Obrigada.


Felicidade é entender a importância da simplicidade da vida e aproveitar cada instante… 

Euzinha, aquela que demorou quatro décadas para chegar a este pensamento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário